Oficinas de escrita

(Des) gostos

Adoro chuva.
Torna os dias cinzentos e transporta-nos para outra dimensão.
Os dias cinzentos são bons para pensar e refletir.
Gosto de dias com sol,
Com cor e aromas intensos.
O melhor mesmo era que as noites fossem chuvosas,
Para eu poder adormecer ao som das gotas de água a baterem-me à janela
Para que no dia seguinte acordasse com o cheiro a terra molhada.
Os dias seriam soalheiros
Para parecerem mais felizes.
Por muito tristes que as pessoas estivessem,
Os raios de sol romperiam a escuridão.

Preferia dias com brisas
Para sentir os cheiros que o vento traz de longe
E para acompanhar as aves nas suas viagens.

Basta aproveitar cada estação
E cada dia como se fosse o último.

O tempo tem imensas faces…
Quero juntá-las numa só.

Luana Jerónimo, 8.º D




Manhã-noite

Na madrugada
O abraço surpreende
O olhar da mãe
E a tristeza
Á uma árvore de fogo.

As estrelas são almas
Que partem
E o amanhecer é  uma  maré
Que navega o céu.

A chegada da noite
Inventa um barco
Encantado de sonho
Enquanto um piano sussurra
A melodia de um sorriso


 Catarina Ramos, 5º B



Um encontro inesperado

Estou aqui sentada no banco de meu jardim a olhar para as árvores, umas com as folhas verdes, outras amarelas, o chão está repleto de folhas castanhas que não deixam ver o verde da relva. Encostei-me mais um pouco ao banco, que não era lá muito confortável, levantei-me e entrei dentro de casa, peguei num casaco e nas chaves, saí de casa, trancando a porta.
Andei pelas ruas do meu bairro, lembrando-me de quando era mais nova e andava por ali a correr com todas as outras crianças da minha idade. Olhei em volta e lembrei-me de uma tarde em que estava sozinha a ler um livro, tinha uns 10 ou 11 anos.
Foi numa tarde de primavera, lembro-me de todos os pormenores desse dia, o sol brilhava, não havia nuvens no céu, todas as crianças da minha idade estavam na rua, umas jogavam à bola, outras saltavam à corda e ainda algumas a brincavam às escondidas. Eu estava sentada no chão a ler um livro que a minha mãe me tinha dado intitulado “Gémeas no Colégio de Santa Clara I”. O livro era muito engraçado e ainda só estava nas primeiras páginas, ri-me várias vezes sozinha devido a certas coisas que aconteciam no livro e algumas meninas vieram perguntar-me se eu queria ir brincar com elas, mas eu disse que não.
De repente sinto alguém a tocar, pensei que fosse outra menina a perguntar se eu ia saltar à corda, por isso disse de imediato:
- Não quero ir brincar, deixem-me ler!
- Estás a ler um livro que a minha mãe escreveu. – respondeu uma voz que eu não reconhecia.
- A nossa mãe. – disse outra muito parecida.
Olhei para cima e não queria acreditar no que estava a ver, esfreguei os olhos.
- São mesmo vocês? – perguntei.
- Sim. Eu sou a Patrícia.
- E eu a Isabel.
- Vocês existem mesmo?
- Sim, não estás ver? – perguntou a Isabel.
Começamos a conversar durante muito e muito tempo e, por momentos, esqueci o livro.
Foi um dia espetacular.


Catarina Pereira, 9.ºA



    
Se eu encontrasse a lâmpada mágica

   Há alguns dias atrás, sonhei que me foi concedida a oportunidade de pedir três desejos através de uma lâmpada mágica. O sonho foi assim:
    Eu estava no topo de uma rocha, o céu estava roxo e tinha um mar de espinhos à minha volta. Eu olhava o horizonte. Olhei a este, a sul e a oeste, mas apenas a norte, bem lá no fundo, se via uma rosa. Uma flor vermelha, cor de sangue, que se destacava naquele mundo medonho de cor cinzenta e roxa.
    Subitamente, os espinhos que apontavam para norte, separaram-se, formando assim um caminho. Entrei. Não sabia ao certo se era um sonho ou não, mas suspeitei que fosse, porque eu não me lembrava como é que tinha ido ali parar. Por outro lado, eu nunca tinha sonhado com nada assim. No caminho, o chão era da mesma cor que as nuvens, um roxo que ficava mais desfeito a cada passo que eu dava.
   Já a via lá no fundo do caminho. Era ela que dava a vida a todos aqueles espinhos sedentos de sangue. Cheguei a uma escadaria de pedra e subi por ela acima. Lá estava ela, a rosa. Estava fechada e murcha, mas de repente abriu-se um buraco nas nuvens púrpuras e um feixe de luz foi direito à rosa. Num abrir e fechar de olhos a rosa desabrochou, os espinhos desfizeram-se em pó cor de prata, o céu ficou azul e o chão que outrora era desfeito, ficou verde e vivo.
    Dos céus desceu um anjo. Ofereceu-me uma lâmpada mágica e disse-me para escrever três desejos em papéis e para os pôr lá dentro. Eu tinha tanto por onde escolher que demorei quase quinze minutos para decidir quais eram. No primeiro papel, escrevi que desejava ter o poder de viajar no tempo. Assim, eu podia viver os melhores momentos vezes e vezes sem conta, com pessoas que agora já não posso. No segundo, que eu me pudesse tornar invisível sempre que quisesse. Por fim, desejei voltar a casa.
    Acordei. A casa estava vazia e a luz do quarto acesa. Pus-me a pé devagar e sorri, porque apercebi-me que acabara de ter o melhor sonho de sempre.


Bruno Rodrigues, 9.º A, n.º 3





         Adolescência

        Por vezes ficamos aborrecidos por nada e dizem-nos sempre que é da adolescência. Mas será que é culpa dela todos os erros cometidos por alguém entre os 13 e os 18 anos? Coitadinha, toda a gente se queixa dela, até porque nem todos gostam de se ver mudar, tornar-se alguém diferente e, quando perguntamos o porquê disto, dizem-nos sempre  «é por estares na adolescência » .
Sinceramente, não entendo o porquê de a odiarmos tanto, quando na verdade é ela «que nos prepara para a vida adulta». Obviamente que também acho que não há motivos para a amarmos, se ela nos prende num mundo estranho e confuso durante anos. Ela traz dúvidas, incertezas e faz-nos pensar que tipo de pessoa realmente queremos ser.
Mas, definitivamente, há uma coisa em especial que não gosto mesmo nada quanto à adolescência. Sabem quando alguém diz «estás na fase da parvoíce, na idade do armário», ninguém gosta de ouvir essas coisas que, claramente, nos parecem idiotices, simplesmente nenhum adolescente gosta, mas parece que todos os adultos gostam de nos aborrecer com isso. Falam também em hormonas, seja lá o que isso for e em sentimentos descontrolados, em crescer, em mudar, em conhecer gente nova e começar a ter responsabilidades. É óbvio que nos cansa um pouco, mas também cansa quem nos ouve dizer disparates todos os dias.
       Mas sabem que mais? Fico muito mais aliviada sabendo que não sou a única e que toda a gente passa por isto. E só mais uma coisa... Lembrem-se que são só uns meros anos da nossa vida e não queremos certamente passá-los cheios de dúvidas e zangados com o mundo. Temos de aproveitar esta fase da nossa vida, pois acredito que a vida adulta seja bem mais difícil.  


Maria Lacerda, n.º14, 8.ºA

Sem comentários:

Enviar um comentário

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.